Wednesday 20 August 2008

A Opiniao de Sergio Braz sobre Regionalismo, Regioes, Politica de Ensino Superior e Universidades


Sergio Braz has left a new comment on your post "Os tabus da minha terra: Porque e que as universid...":

Caro Araújo,

Permita-se colocar os seguintes pontos:

1. Sobre a entrevista – parece-me que a intenção era confrontar o entrevistado com as alegações de que a UCM é regionalista. Todavia, a medida que a entrevista avança esse enfoque fica meio diluído.
2. Parece-me, outrossim, que as questões que levantas no início do teu post e as respostas que avançaste fizeram-te cair num autêntico paradoxo.
3. Por isso, julgo importante recorrer à Semântica para entendermos o alcance dos termos na origem de tal paradoxo. Assim, Regional é tudo aquilo que pertence a uma região. Regionalista é o defensor do regionalismo. E este, é o sistema dos que põem os interesses da sua região à frente dos interesses nacionais.
4. Ora, à luz destes parâmetros, podemos perceber o seguinte:
a) Não faz sentido acusar a UCM de regionalista, porque apesar de estar apenas no centro-norte, visa o alcance do interesse nacional (expansão do ensino superior, oferecer possibilidades de formação aos moçambicanos independentemente da sua origem/ proveniência geográfica).
b) O mal de ser regionalista ou criar instituições regionalistas (uma das tuas questões) é exactamente esse de descurar o interesse nacional.
c) Não há mal nenhum em o país ter instituições regionais, desde que elas se conformem com o interesse nacional estabelecido/ definido para a área dessa suposta instituição.
5. À semelhança da UCM, julgo que a UEM também não pode ser acusada de regionalista por ser “gerida com nossos impostos e que levou mais de 25 anos para sair de Maputo?” (estou a citar-te). Digo isto porque ao longo desse tempo todo a UEM esteve aberta para todos os moçambicanos, sem descriminação de espécie alguma, mormente a de proveniência geográfica. À míngua de capacidade de albergar todos os interessados, ela teve de definir critérios para a admissão. Podemos discordar e discutir se os critérios foram (ou são) os melhores, se não havia (há) outras alternativas, mas julgo que não devemos negar o facto da UEM ter estado ao serviço dos propósitos nacionais, no que diz respeito às oportunidades de formação dos moçambicanos.
6. Para concluir, julgo também que o teu argumento não perderia a plausibilidade que tem se tivesses expurgado todo o jargão sobre lavagens cerebrais e afins, porque parece-me não ser esse o caso.

Mas já agora Araújo,
Nesta questão do ensino superior, para mim o debate deve ser outro. Qual é a política do Governo para a expansão do ensino superior no país. Fico surpreso quando vejo na imprensa os anúncios de aberturas de novas universidades e institutos superiores politécnicos nas províncias e não encontro quais os pressupostos que norteiam as escolhas feitas.
Sendo tu um parlamentar (a representar o interesse nacional), e por isso com acesso à este tipo de documentos (que espero não sejam “classificados”), e eu um mero cidadão, permita-me interpelar-te: qual é apolítica do governo para a expansão do ensino superior? Como é que posso perceber que, por exemplo, Sofala tenha a delegação da UEM, a delegação da UP e ainda a sede da Unizambeze e Zambézia tenha apenas a delegação da UEM (para ciências marinhas, vai se lá saber porquê) e a delegação da UP? Como? Porque é que Zambézia tem de apanhar as migalhas (delegações) e não o miolo (a sede e início de uma universidade)?
Serei regionalista por causa destas perguntas? Não, quero entender como o interesse nacional é assegurado nestas matérias.

Já vai longo o comentário, foi obra do entusiasmo.

Um abraço

Sergio Braz

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