Friday 22 August 2008

Moçambique reage ao cortes de ajuda

O governo moçambicano garante estar empenhado no esclarecimento de dossiers que terão motivado a redução do apoio orçamental da Suécia devido a uma alegada ausência de progressos no combate à corrupção.
A garantia foi dada à BBC pelo Ministro da Planificação e Desenvolvimento Aiuba Cuereneia, que classificou ainda de "infelizes" as notícias sobre uma medida idêntica por parte da Noruega.
Ainda esta semana, numa entrevista à BBC, a ministra para o Desenvolvimento e Cooperação da Dinamarca, Ulla Tornes, disse que o governo dinamarquês tinha avisado Moçambique de que tem uma política de "tolerância zero" para com a corrupção.
As razões porque cada decisão tomada pelos chamados parceiros programáticos do Governo é seguida com atenção é simples: são eles que garantem pouco mais 50 por cento do orçamento geral do estado moçambicano.
Daí que a decisão recentemente confirmada pela Suécia de reduzir a sua contribuição ainda continue a ocupar as manchetes e a levar o titular da pasta da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, a reagir.
“Temos um processo de diálogo e as coisas do género do que a Suécia falou devem ser tratadas nesse âmbito. Nós comunicamos à Suécia e toda equipa de parceiros o que é que o governo está a fazer para combater a corrupção".
Banco Austral
O caso Banco Austral é um dos dossiers que tem motivado fortes preocupações, manifestadas publicamente, mas sobretudo nos corredores, por alguns dos 19 países donde são provenientes mais de metade dos fundos do orçamento geral do estado de Moçambique.
O Banco Austral, um das maiores do país e com uma comparticipção do Estado, chegou a estar à beira do colapso devido a créditos mal parados muitos dos quais atribuídos a importantes figuras políticas e empresariais.
Foi então necessária uma intervenção ao nível do banco central, uma medida que ficaría entretanto marcada pelo assassinato ainda por esclarecer do então Presidente Interino do Conselho de Admnistração, nomeado para o cargo pelo Banco de Moçambique.
Noruega
“Em relação à Noruega não há nenhum sinal de que possa deixar de apoiar o orçamento do estado, foi uma informação infeliz. A própria Noruega apareceu a desmentir isso. Não existe absolutamente nada contrário ao que foi acordado”.
Ainda na entrevista com o ministro Cuareneia, a BBC pediu a sua reacção a algumas das constatações do livro recentemente publicado “Há mais bicicletas – mas há desenvolvimento?” de Joseph Hanlon e Teresa Smart, no qual são questionadas as estatísticas oficiais de que pobreza absoluta reduziu em 15 por cento nos últimos anos.”
Aquilo que é publicado pelo governo são estatísticas baseadas em normas internacionais."
"O nosso esforço de combate à pobreza é visível. Que estamos a sair de um patamar muto baixo, estamos a sair. A luta é grande. Mas a pobreza está a reduzir, ninguêm no nosso país anda nú ou descalço. Há um desenvolvimento, há uma visível distribuição de riqueza a nível urbano e rural”, defendeu Cuareneia.
Aurélio Fenita - BBC - 19.08.2008

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