Wednesday 22 February 2012

Quelimane acordou hoje sem o espectro das chuvas!

O dia promete ser de muito trabalho, iniciando com a entrega dos primeiros comprovativos das transferencias efectuadas pelo Millenium Challenge Account aos abrangidos pela construcao das Drenagens da Cidade de Quelimane! Esta cerimonia tera lugar no Centro Nuticional do Bairro Santagua e contara com a presenca do Director do MCA, o Dr. Paulo Fumane e do Edil de Quelimane, Manuel de Araujo. Esta cerimonia reveste-se de uma importancia peculiar uma vez que marca o inicio da mudanca radical que Quelimane vai imprir - a construcao das valas de drenagem, calcanhar de Aquiles na gestao municipal de Quelimane.

Tuesday 21 February 2012

Cartas de Eduardo White a terra que o viu nascer!


CARTA A QUELIMANE 2

POST SCRIPYTUM 1



Durante muito tempo, desde o não longínquo ano de 78, eu fiz o percurso Maputo/Quelimane/Maputo devido ao facto de ter que gozar as minhas férias escolares, junto à minha família, na cidade que me viu nascer. Lembro-me que era sempre empolgante, entusiástico, rever os meus pais, avós, irmãos e amigos depois de cumprido o calendário escolar. Era como se fosse empreender uma grande, uma longa viagem.

Na manhã do dia 2 de Fevereiro de 2012, após algum tempo sem ir à terra, parecia-me que revivia de novo aqueles momentos com a diferença de que, desta vez, eu não visitaria mais as pessoas que tanto amei com vida. Não teria,assim, a boa e suculenta galinha assada a cafreal e o copo de alumínio gelado com uma esplêndida nipipa esperando-me na saudosa casa da minha querida avó Amélia e nem sequer a empolgada curiosidade dela a desafiar-me os dotes de contador de histórias perante os olhos arregalados e felizes do meu avô Chico. Tudo isso acabara para mim. A morte cumprira o seu papel regenerativo e essas duas figuras que me foram tão tutelares, já não seriam uma realidade neste fim de viagem.

Mas parti. E parti a convite de um amigo que me havia, anos antes, desafiado a fazer esta jornada para inaugurar um projecto maluco dele. Um lodje em plena praia do Sopinho. Como nunca tal convite se concretizara, com este objectivo, haveria, agora, de se concretizar com um outro: o de lançar os meus dois últimos livros na minha terra natal. A amizade que me proporcionava isso, era a de uma figura que toda gente conhece: o jovem e irreverente intelectual moçambicano Manuel de Araújo.

Portanto, às 12:00 horas, em ponto, do dia 2 de Fevereiro, em vésperas do feriado nacional alusivo aos heróis moçambicanos, lá estava eu, encapulanizado, à espera, com os meu pacotes de livros, do avião que me levaria a Quelimane debaixo de um programa oficial preparado pelo próprio Presidente do Município. A ansiedade e o entusiasmo roíam-me os ossos e, por essa razão, quase nem tomara uma refeição com a atenção devida.

Por volta das 13:15, um avião, a turbo-hélice, maltratava-me, na boca, os dentes a baterem de terem o medo como carrasco. Ventoinhas, eu gostava de as ver por dentro, de modo que, uma aeronave impulsionada daquela maneira nunca me inspirara tão grande confiança. Todavia, o senhor panico trabalhava-me a meio gás pelo facto de saber que a nave haveria de ser comandada pelo Amílcar Polana, amigo e colega do meu irmão (ainda penso eu) nesses mecanicos oficios de voar, o que, de per si, predispunha os nervos um pouco mais à tranquilidade.

Uma hora e tal depois, descarbonizado dos 22 mil pés da altitude de um voo tranquilo, iniciava a descida para o verde geometricamente arrumado lá em baixo e de onde se desarrumavam, também, as palhotas escurecidas, pelo sol, no seu aconchegado caniçado. Os rios serpenteantes, as abóbodas macubarrísticas dos coqueirais, as pessoas, minusculíssimas, trabalhando no que me parecia ser o plantio do arroz revelavam-me, com a paisagem, fotografias antigas que a memória me desengavetizava. Fantástico como aquele facto me surpreendeu e tocou tanto. Duas lágrimas envergonhadas, mas substancialmente nutridas, ensaiaram a sua queda face a baixo, não pelo momento mas pela fria e triste sensação de que naquele dia eu não reveria, viva, a figura terna e carinhosa da minha falecida mãe me esperando. Contive-me, pois a sua morte ainda me esta muito presente.

Um baque surdo e muito técnico, confirmou-me a aterrissagem e, em poucos instantes, corpo e espírito tomavam contacto físico com a terra que me viu nascer. Com um aceno breve despedi-me do comandante da aeronave sentado à janela esquerda da mesma e parti emocionado para o tapete rolante a fim de levantar os livros que a simpatia e a beleza sempre chuabense de uma conterrânica Senhora Dona me haviam feito o favor de despachar. A delicadeza serviu para que eu escapasse ao pagamento do excesso de peso. Se ela me lê, o meu muito obrigado mais uma vez. Não lhe sei o nome, porém, a beleza e a simpatia dispensam-no.

Bom, feitas as dêmarches que tinham que ser feitas, estabeleceu-se o meu primeiro contacto com a cidade e as minhas e suas gentes. Logo ali, no aeroporto, um pequeno restaurante solicitava-me o restabelecimento das emoções e os cumprimentos do seu proprietário: um velho amigo e colega da escola Industrial e Comercial 1º de Maio de Quelimane, o Fernando Amado. Brindamos à ocasião com um temperado“Afonso Djakama” a duas pedras de gelo. Não o Presidente da Renamo, é claro, mas o Famous Grouse, rebatizado desta maneira em alusão à perdiz que leva no rótulo. Para apurar tudo isso, a lentidão caracolesca, mas muito nharinga, do empregado de mesa que se movimentava deselegantemente atrapalhadíssimo com qualquer coisa que não percebi bem o que era. Se o patrão, se eu.

Haveria, após aquilo, de rumar a cidade, posto que o protocolo do Munícipio, pelas mãos mocubenses, creio, da Assunção, já me tinham acomodado, mais as bagagens, no carro que me viera esperar. Aqui, ao lado do motorista, começam, então, as histórias maravilhosas que vos quero contar. O velho senhor que conduz ao meu lado, é-me familiar. Em silêncio, andei cavernoso pela memória a rebusca-lo, a tentar encontrar a razão daquele rosto ser-me tão próximo. Fi-lo durante todo o percurso que me levaria do aeroporto à cidade, entre os transeuntes atravessando-nos e as bicicletas taxeiras a gincanizar-nos. Demorado, mas pacientemente, começo a estruturar as lembranças. Uma por uma. Tinha que ser habilidoso e procura-lo, não no meu círculo de relações mas ou no do meu pai ou no do meu avô. Eu era demasiado jovem na altura. Um adolescente sonhador. Como insistisse no exercício certo território apenumbrado, resolvi delicadamente questioná-lo. Algumas operações de reconhecimento ao passado rapidamente nos fizeram chegar lá:

- Menino Dino? - Hey pá, pensei eu, o que vai sair daqui? Perguntei-me.

Não tardou a resposta fosse-me dada.

- Neto do Francisco do Ó? Meu padrinho de assimilação? E com o espanto ainda vestir-lhe o rosto, o velho arremata:

- O teu avô foi o meu padrinho para a minha caderneta de assimilado. És filho daquele White da Madal? Questionou de novo.

- Sou, sim senhor. O mais velho.

- Como você cresceu! Sentencia o velho.

E o carro voou para dentro do tempo, precipitou-se para aqueles buracos da ternura que as coisas boas avivam, abrandou a marcha e definiu um novo roteiro de viagem. A viagem das viagens às minhas memórias de QUELIMANE, que, em próximas crónicas, vos quero passar a contar. Por agora, ficamos aqui. Retorno breve se Deus quizer e O Pais deixar.

Um afectuoso cumprimento do

Eduardo White

Publicamos com a devida venia a Carta do escritor Eduardo White a Cidade que o viu nascer (Quelimane)

CARTA A QUELIMANE






Quelimane, meu amor.

Assim, por meio em tantas coisas às quais a minha vida se liga a ti, por dentro do cheiro que me corres nas paredes venais do meu corpo, por seres-me, ainda, o meu primeiro chão, o meu primeiro Sol, o meu primeiro ar e, também, o primeiríssimo sopro de vida desde que me conto entre os homens, escr evo-te.

Escrevo-te visceral e consanguíneo a tudo o que me és, ao que antes escreveste em mim, ao que sinto ainda escreveres-me e, sobretudo, ao que nunca de forma alguma poderei ou saberei escrever-te igual à força, ao estremecimento, ao tão pleno e intenso que é o sentimento que acordas no escuro que sou quando me és próxima, táctil e profunda, e doce , aveludada e líquida como só tu o sabes ser.

Esta carta pequena é para beijar-te a delicadeza, para dizer-te que te AMO e para agradecer-te do mais verdadeiro do que me sinto como espírito e, disso, como luz, a ternura com que me convidaste, recebeste e abraçaste-me e pelas carícias suadas que desenhaste em cada rua do meu corpo e pelas mãos que estendeste generosíssimas até as minhas. Voltar a ti como só desta vez voltei, foi como se para os teus braços nascesse uma outra vez para além daquela ao princípio da noite de 21 de Novembro de 1963, no teu pequeno e principal hospital.

Meu chão e meu amor.

Tornar às ruas onde me aprendi e vi crescer, aos cheiros acidulados dos teus calores, às memorias dos amigos ausentes e presentes, aos retratos ainda vivos das casas por onde me fiz, dos meus pais, avós, tios e tias, às velhas árvores onde cacei pássaros que nunca morreram e sobre as quais tantas vezes, igualmente, fui caçado pelos outros pássaros dos beijos das minhas paixões infantis e dos meus frágeis mas autênticos amores adolescentes, tornar ao menino que era, muito embora nunca o tenha matado, tornar à musicalidade cadenciada do falar do meu povo, à sua hospitalidade, ao seu respeito, à sua vocação para a partilha, foi, sem dúvida, uma forma inequívoca de regressar ao mais verdadeiro deste Eduardo que sou.

Esse filho que faz tanto tempo não me sentia e com quem me ajudaste a reencontrar bem no meio desse imenso útero que és, desse colo que conheci desde o meu primeiro grito fora daquele meu outro útero carnal, acendeu dentro todos os matialés que ainda preservo, os marriés que me voam, as togomas que descasco e os velocíssimos carrinhos de rolamento voando nos mais importantes circuitos desautomobilísticos que ganhei e perdi. Lembram-me, tão nitidamente, as Zalalas onde me banhei e chorei, namorei e sonhei-me, também, homem, quando acreditava que ser homem era bom e que o futuro era uma coisa que desejava fosse ontem para que a liberdade ganhasse em mim os espaços que queria conquistar naquele presente a que hoje tantas vezes me apetece voltar.

Cidade que me vives, Quelimane, onde a minha umbilical idade está certamente enterrada com parte do meu passado, eu escrevo-te para lembrar-te que te respeito o presente como te respeito o que foste, com a mesma intensidade e carinho, com a mesma delicadeza e sensatez como te amava e respeitava quando a vida descobriu-te-me como lugar para exercer-me.

Assim, meu amor, visto agora, neste brando papel do lume aonde tempero as palavras, toda a humildade que é sempre bom ter nestas ocasiões, para tocar-te os longos e verdes cabelos dos teus coqueirais, a doçura ímpar das tuas sananas, o melado estalido gustativo das tuas patanícuas, o maresíaco gosto a rio dos teus tôdues e, finalmente, o lanho da frescura dos beijos que são em ti no feminino todas as mulheres ténues como a lã, explosivas como o limão e festivas como as romãs, nossas esbeltas e luminosas chuabenses, para te dizer, uma vez mais, que te amo.

Aos teus filhos todos, sem descriminação nenhuma, a toda essa gente que se veste de humanidade para que todos os dias te façam respirar e continuares a ser Quelimane, à donzela gingada e dengosa que és, quero abraçar-vos na gratidão reconhecida e no respeito eterno que vos tenho. E a ti, meu amor, chão do meu primeiro grito, o meu mais gritado e sentido beijo e a reafirmação de dizer-te que bom lugar a Vida me deu para vir ao Mundo.

Teu Eduardo White

De volta a blogosfera!

Razoes profissionais e familiares fizeram com que deixasse de ser assiduo na blogofera, tno reduzido a minha intrvencao a postagens no facebook. Controlados parcialmente os assuntos que absorviam as minhas atencoes: concepcao, implementacao e monioria da etrategia da campanha eleitoral, preparacao da tomada de posse, montagem do Governo Municipal (nomeacao de Vereadores, Directores e Chefes de Postos, monitoria da situacao provocada pelo ciclone, nascimento do Junior, viagem ao Municipio de Nampula, eis-me de volta a blogsfera!

Friday 10 February 2012

Carnaval ao rubro na Cidade de Quelimane!

Arranca hoje no Municipio de Quelimane aquele que e considerado o "Melhor Carnaval de Mocambique'! A grande novidades deste ano sao os semaforos colocados em fase experimental em dois pontos estrategicos da Cidade: cruzamento do Mercado Central e cruzamento do aeroporto junto a sede provincial do partido Frelimo! Quelimane hoyeeee! Hoyeee! Nao perca esta festa folica do 'Pequeno Brasil"!

Nasce o Junior (Primeiro varao da familia MA

No dia 06 de Fevereiro de 2012, o Todo Poderoso  deu a bencao a familia Manuel de Araujo, ao trazer ao mundo o primeiro varao desta familia! O bebe que nasceu cerca das 09.15 com 3.800 kgs, recebeu o nome de Junior, neto paterno de Victoriano Lopes de Araujo e de Ines Mario Alculete e materno de Liberato Soares e Arminda Rensamo.

Venho em meu nome pessoal, no da minha esposa e das familias Araujo, Alculete, Soares e Rensamo agradecer a todos os que nos assistiram e connosco estiveram ao longo dos longos e tribulados nove meses!

Que Deus nos abencoe!

Manuel de Araujo